TRATADO SOBRE DOAÇÃO DE ORGÃOS
Um breve discurso, por Valdemir
Mota de Menezes.
INTRODUÇÃO
Com o
advento de novos avanços e tecnologia das ciências médicas, o que era
impossível durante milênios, à humanidade alcançou conhecimentos e técnicas
surpreendentes de retirar os órgãos de um corpo e transportá-los e inseri-los
em outros seres da mesma espécie.
TÉCNICA DE TRANSPLANTE
Para realizar
esta tarefa, três etapas foram necessárias: Primeiro a retirada do órgão do
doador, sem causar lesão ao órgão, e no caso do doador vivo, sem comprometer a
vida do doador. Segundo passo era manter o órgão retirado em bom estado até que
fosse implantado no novo organismo. O terceiro passo foi conseguir
compatibilizar órgão doado com o novo organismo. Impedir que o organismo
rejeitasse o órgão doado foi uma tarefa que ainda hoje inspira atenção
especial.
O primeiro
transplante de órgão de uma pessoa para outro foi realizado com sucesso nos Estados
Unidos em 1954, se tratou de um transplante renal, entre dois gêmeos idênticos.
A grande barreira científica que impedia os transplantes era o sistema
imunológico do organismo receptor, que rejeitava o novo órgão implantado. Mas
na década de 1950, os cientistas descobriram drogas imunossupressoras como a
cortisona e a azatioprina.
A técnica
de transplante de órgão foi uma das maiores conquistas da Medicina Moderna,
porque ela rompeu com um princípio básico da auto-defesa do organismo que por
impulso natural expulsa pra fora do organismo toda células e moléculas
estranhas. No projeto do nosso DNA já consta o programa que todo organismo que
invade o nosso corpo é perigoso e deve ser expulso, assim, para o programa
genético vivo, tanto faz um órgão transplantado como uma bactéria, eles devem
ser repelidos e eliminados do corpo.
Os genes
que detectam os corpos estranhos no nosso organismo se chama HLA. Um dos riscos
do transplante de órgão consiste em inibir o sistema imunológico do corpo, que
não reconhece o órgão invasor, ou quando reconhece, não tem forças para
rejeitá-lo. Acontece que neste período a pessoa transplantada fica sem defesa
contra germes invasores.
A compatibilidade
genética e sanguínea é de suma importância, por isso, antes de um transplante é
preciso fazer um mapeamento genético dos envolvidos. Alguns órgãos não podem
ser doados após a morte do doador. É o caso do coração e do pâncreas. Já os
rins, uma pessoa viva pode doar um dos seus rins e viver normalmente com o
outro restante.
ETICA
A vontade
do doador, a vontade da família do doador e finalmente a vontade do receptor do
órgão sempre são levadas em consideração. A vontade do doador é considerada
importante, mesmo quando ele está morto, recentemente no Brasil e em muitos
outros países foram criadas legislações para regulamentar esta questão.
A pessoa
em vida pode decidir se em sua morte os seus órgãos podem ou não serem doados. Neste
caso, a vontade do falecido prevalece sobre a vontade da família. Lembrando que
somente em poucos casos, se pode retirar
órgãos de uma pessoa morta, para serem doados.
Na falta
de um testamento, ou declaração sobre o destino que deve ser dado aos órgãos após
a morte do doador, a família é que tem a prerrogativa de decidir o destino dos órgãos
(é assim que a maioria dos países legalizou a questão).
Por
último ninguém pode se submeter a um transplante de órgão contra a sua vontade,
algumas pessoas simplesmente por questão religiosa, psicológica (medo,
conformado com o destino), de consciência ou estratégica, acham melhor para elas
viverem até quando puder sem ter que submeter a um transplante de órgãos.
No meu
ponto de vista acho que as pessoas devem ter suas vontades respeitadas,
principalmente no que concerne ao seu próprio destino, corpo ou ente querido
falecido. O Estado não deve impor sua ideologia em questões íntimas como esta.
Em muitos
países funciona o sistema de fila de pessoas que aguardam a doação de órgãos,
os dados genéticos destas pessoas ficam em um banco de dados e logo que surge
um doador, as informações sobre a compatibilidade genética são processadas e a
primeira pessoa da fila que tem condições de receber aquele órgão, recebe uma
ligação telefônica, convocando-a com urgência para submeter-se ao transplante
em poucas horas.
O teste “cross
match” consiste em misturar o sangue do doador com o do receptor, se houve
reação de formação de anticorpos pré-formados, o transplante não ocorrerá por
causa do risco de rejeição instantânea.
A QUESTÃO RELIGIOSA
Basicamente nenhuma religião prega contra o transplante
de órgãos, com exceção das Testemunhas de Jeová, que até 1980 considerava o
transplante de órgãos, uma pratica moderna de canibalismo, mas mesmos eles, já
mudaram seus conceitos.
Não faz sentido acreditar
que Deus prefira que os órgãos sejam comidos pelos vermes, quando os mesmos
podem servir para restaurar a saúde e vida para outros.
O apóstolo Paulo
provavelmente sofria de problemas oftalmológicos, pelo que se pode inferir na
Bíblia, pois ele faz referencia de que escrevia com grandes letras ( Vejam com que letras grandes estou
lhes escrevendo de próprio punho! Gálatas 6:11), que
possuía um “espinho na carne”, e falando do amor da igreja da Galícia por ele,
o mesmo diz que, se fosse possível naquela época, os cristãos daquela cidade doaria os próprios
olhos para o apóstolo Paulo. Assim entendemos que doar órgão é um exemplo de
amor e caridade.
“Tenho
certeza que, se fosse possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para
dá-los a mim.” Gálatas
4:14-15
PRECONCEITOS
Um dos argumentos absurdos
que corre por ai é que se o médico em um atendimento de emergência souber que a
pessoa é doadora de órgãos, não irá se esforçar para dar um bom atendimento,
porque os órgãos desta pessoa serão doados. É absurdo acreditar que um médico
cometa um homicídio culposo, ou omissão de socorro apenas para conseguir órgãos
para doação, sem vantagem alguma e sem saber para quem vai aquele órgão. Até
porque os médicos que atendem em emergência de hospitais não tem relação com as
equipes de transplantes. Não tendo nenhuma vantagem com isso. O brasileiro é
tão acostumado com corrupção em todas as instituições públicas que duvida de
tudo.
Fala-se bastante em tráfico
de órgãos. Você conhece alguém que teve os seus órgãos roubados? Um transplante
requer muita gente, muita tecnologia e um aparato enorme, de custo vultoso,
isso não é aborto, que se faz em qualquer esquina. Tenho mais de dez anos de
experiência em investigação policial e nunca peguei um caso de trafico de órgãos
e nem conheço nenhum policial, ou inquérito policial que tenha enfrentado e
abordado este tipo de situação. Há muito folclore sobre o transplante de órgãos...
Outra lenda urbana é
acredita em erro no diagnostico de morte cerebral. Os exames são rigorosos que
detectam a morte cerebral. Na morte cerebral, os vasos sanguíneos param de
irrigar o cérebro, e a morte cerebral é irreversível.
CONCLUSÃO
Defendo todo o procedimento
que visa o bem do próximo e acho que devemos nos engajar em campanhas de
esclarecimentos sobre o tema. Com já disse, ninguém deve ser forçado a doar órgãos
obrigatoriamente. Mas devemos deixar claro que não doar órgãos podendo fazê-lo
sem prejuízo é egoísmo. O exército de
pessoas do Bem e do Amor deve trabalhar para o bem geral de todos. Você é
doador de órgãos? Você já deixou sua vontade expressa para os seus familiares?
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
Tratado publicado no blog:
http://veja.abril.com.br/perguntas-respostas/transplante-orgaos.shtml
acesso em 30/08/2012
http://www.bioetica.ufrgs.br/transprt.htm
acesso em 30/08/2012
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=1004
acesso em 30/08/2012
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transplanta%C3%A7%C3%A3o_de_%C3%B3rg%C3%A3os
acesso em 30/08/2012
http://www.mdsaude.com/2009/08/transplante-de-orgaos.html,.
Acesso em 30/082012
Nenhum comentário:
Postar um comentário