quinta-feira, 30 de agosto de 2012

TRATADO SOBRE DOAÇÃO DE ORGÃOS


TRATADO SOBRE DOAÇÃO DE ORGÃOS

Um breve discurso, por Valdemir Mota de Menezes.

INTRODUÇÃO

Com o advento de novos avanços e tecnologia das ciências médicas, o que era impossível durante milênios, à humanidade alcançou conhecimentos e técnicas surpreendentes de retirar os órgãos de um corpo e transportá-los e inseri-los em outros seres da mesma espécie.

TÉCNICA DE TRANSPLANTE

Para realizar esta tarefa, três etapas foram necessárias: Primeiro a retirada do órgão do doador, sem causar lesão ao órgão, e no caso do doador vivo, sem comprometer a vida do doador. Segundo passo era manter o órgão retirado em bom estado até que fosse implantado no novo organismo. O terceiro passo foi conseguir compatibilizar órgão doado com o novo organismo. Impedir que o organismo rejeitasse o órgão doado foi uma tarefa que ainda hoje inspira atenção especial.
O primeiro transplante de órgão de uma pessoa para outro foi realizado com sucesso nos Estados Unidos em 1954, se tratou de um transplante renal, entre dois gêmeos idênticos. A grande barreira científica que impedia os transplantes era o sistema imunológico do organismo receptor, que rejeitava o novo órgão implantado. Mas na década de 1950, os cientistas descobriram drogas imunossupressoras como a cortisona e a azatioprina.


A técnica de transplante de órgão foi uma das maiores conquistas da Medicina Moderna, porque ela rompeu com um princípio básico da auto-defesa do organismo que por impulso natural expulsa pra fora do organismo toda células e moléculas estranhas. No projeto do nosso DNA já consta o programa que todo organismo que invade o nosso corpo é perigoso e deve ser expulso, assim, para o programa genético vivo, tanto faz um órgão transplantado como uma bactéria, eles devem ser repelidos e eliminados do corpo.

Os genes que detectam os corpos estranhos no nosso organismo se chama HLA. Um dos riscos do transplante de órgão consiste em inibir o sistema imunológico do corpo, que não reconhece o órgão invasor, ou quando reconhece, não tem forças para rejeitá-lo. Acontece que neste período a pessoa transplantada fica sem defesa contra germes invasores.
A compatibilidade genética e sanguínea é de suma importância, por isso, antes de um transplante é preciso fazer um mapeamento genético dos envolvidos. Alguns órgãos não podem ser doados após a morte do doador. É o caso do coração e do pâncreas. Já os rins, uma pessoa viva pode doar um dos seus rins e viver normalmente com o outro restante.
ETICA
A vontade do doador, a vontade da família do doador e finalmente a vontade do receptor do órgão sempre são levadas em consideração. A vontade do doador é considerada importante, mesmo quando ele está morto, recentemente no Brasil e em muitos outros países foram criadas legislações para regulamentar esta questão.

A pessoa em vida pode decidir se em sua morte os seus órgãos podem ou não serem doados. Neste caso, a vontade do falecido prevalece sobre a vontade da família. Lembrando que  somente em poucos casos, se pode retirar órgãos de uma pessoa morta, para serem doados.

Na falta de um testamento, ou declaração sobre o destino que deve ser dado aos órgãos após a morte do doador, a família é que tem a prerrogativa de decidir o destino dos órgãos (é assim que a maioria dos países legalizou a questão).

Por último ninguém pode se submeter a um transplante de órgão contra a sua vontade, algumas pessoas simplesmente por questão religiosa, psicológica (medo, conformado com o destino), de consciência ou estratégica, acham melhor para elas viverem até quando puder sem ter que submeter a um transplante de órgãos.
No meu ponto de vista acho que as pessoas devem ter suas vontades respeitadas, principalmente no que concerne ao seu próprio destino, corpo ou ente querido falecido. O Estado não deve impor sua ideologia em questões íntimas como esta.
Em muitos países funciona o sistema de fila de pessoas que aguardam a doação de órgãos, os dados genéticos destas pessoas ficam em um banco de dados e logo que surge um doador, as informações sobre a compatibilidade genética são processadas e a primeira pessoa da fila que tem condições de receber aquele órgão, recebe uma ligação telefônica, convocando-a com urgência para submeter-se ao transplante em poucas horas.

O teste “cross match” consiste em misturar o sangue do doador com o do receptor, se houve reação de formação de anticorpos pré-formados, o transplante não ocorrerá por causa do risco de rejeição instantânea.


A QUESTÃO RELIGIOSA
 Basicamente nenhuma religião prega contra o transplante de órgãos, com exceção das Testemunhas de Jeová, que até 1980 considerava o transplante de órgãos, uma pratica moderna de canibalismo, mas mesmos eles, já mudaram seus conceitos.

Não faz sentido acreditar que Deus prefira que os órgãos sejam comidos pelos vermes, quando os mesmos podem servir para restaurar a saúde e vida para outros.

O apóstolo Paulo provavelmente sofria de problemas oftalmológicos, pelo que se pode inferir na Bíblia, pois ele faz referencia de que escrevia com grandes letras ( Vejam com que letras grandes estou lhes escrevendo de próprio punho! Gálatas 6:11), que possuía um “espinho na carne”, e falando do amor da igreja da Galícia por ele, o mesmo diz que, se fosse possível naquela época,  os cristãos daquela cidade doaria os próprios olhos para o apóstolo Paulo. Assim entendemos que doar órgão é um exemplo de amor e caridade.
Tenho certeza que, se fosse possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para dá-los a mim.” Gálatas 4:14-15

PRECONCEITOS
Um dos argumentos absurdos que corre por ai é que se o médico em um atendimento de emergência souber que a pessoa é doadora de órgãos, não irá se esforçar para dar um bom atendimento, porque os órgãos desta pessoa serão doados. É absurdo acreditar que um médico cometa um homicídio culposo, ou omissão de socorro apenas para conseguir órgãos para doação, sem vantagem alguma e sem saber para quem vai aquele órgão. Até porque os médicos que atendem em emergência de hospitais não tem relação com as equipes de transplantes. Não tendo nenhuma vantagem com isso. O brasileiro é tão acostumado com corrupção em todas as instituições públicas que duvida de tudo.

Fala-se bastante em tráfico de órgãos. Você conhece alguém que teve os seus órgãos roubados? Um transplante requer muita gente, muita tecnologia e um aparato enorme, de custo vultoso, isso não é aborto, que se faz em qualquer esquina. Tenho mais de dez anos de experiência em investigação policial e nunca peguei um caso de trafico de órgãos e nem conheço nenhum policial, ou inquérito policial que tenha enfrentado e abordado este tipo de situação. Há muito folclore sobre o transplante de órgãos...
Outra lenda urbana é acredita em erro no diagnostico de morte cerebral. Os exames são rigorosos que detectam a morte cerebral. Na morte cerebral, os vasos sanguíneos param de irrigar o cérebro, e a morte cerebral é irreversível.

CONCLUSÃO

Defendo todo o procedimento que visa o bem do próximo e acho que devemos nos engajar em campanhas de esclarecimentos sobre o tema. Com já disse, ninguém deve ser forçado a doar órgãos obrigatoriamente. Mas devemos deixar claro que não doar órgãos podendo fazê-lo sem prejuízo é egoísmo.  O exército de pessoas do Bem e do Amor deve trabalhar para o bem geral de todos. Você é doador de órgãos? Você já deixou sua vontade expressa para os seus familiares?

FONTE BIBLIOGRÁFICA
Tratado publicado no blog:



Nenhum comentário:

Postar um comentário