Sintomas 1- Neurocisticercose Encefálica
Os sintomas e a gravidade da doença relacionam-se basicamente à localização do cisticerco do encéfalo. Por esse motivo, consideram-se duas variantes: - Neurocisticercose parenquimatosa – ocorre quando os parasitas se situam na massa cerebral, ou seja, no parênquima encefálico. Nesta forma, os sintomas são produzidos pela própria presença do cisto e da calcificação e pela reação inflamatória do cisto em degeneração. A manifestação mais comum é a epilepsia – segundo as estatísticas, presente em até 80% dos casos –, traduzida por diversos tipos de crises, de acordo com o local onde se encontra o cisticerco no parênquima. Ela ocorre de modo generalizado ou manifesta-se por convulsões ou ataques, envolvendo partes do corpo e mesmo por crises de ausência. O quadro de sintomas inclui dores de cabeça, alterações no comportamento, distúrbios psiquiátricos, rebaixamento intelectual e, nos casos de intensa infestação, até demência. Nessa localização a doença pode se apresentar sob duas formas: - forma tumoral: cistos em degeneração produzem intensa reação inflamatória em seu redor, levando ao surgimento de sintomas causados por compressão e deslocamentos de estruturas próximas, principalmente paralisias de partes do corpo e mesmo hipertensão intracraniana. Encerrado esse processo de inflamação que elimina o cisto, resta no local uma calcificação. - forma edematosa (ou encefalítica): mais comum na mulher, ocorre quando há grande infestação do parênquima, por dezenas de cistos em degeneração simultânea, desencadeando intensa reação inflamatória. Esta, por sua vez, ocasiona acentuado edema (inchaço) em todo o cérebro, provocando hipertensão intracraniana e sintomas como dores de cabeça, vômitos, sonolência e rebaixamento da consciência e da visão. Às vezes ocorrem convulsões e, nos casos mais graves, o quadro pode evoluir para a morte. - Neurocisticercose extraparenquimatosa – quando eles se localizam no sistema ventricular (conjunto de cavidades (ventrículos) que se intercomunicam, situadas no interior da massa encefálica), no espaço subaracnóideo e nas cisternas. Nessa variante de neurocisticercose encefálica, os sintomas e as complicações relacionam-se diretamente com o local envolvido fora do parênquima. Assim, se a localização for no espaço subaracnóideo, podem ocorrer um só cisticerco isolado ou diversos deles espalhados. Quando entram em degeneração, eles provocam, como resposta do organismo, uma inflamação das meninges (três membranas superpostas que revestem a massa encefálica e a medula espinhal. De dentro para fora, elas se chamam respectivamente: pia-máter, aracnóide e dura-máter) e, como conseqüência, um quadro clínico típico de meningite, com dores de cabeça, vômitos e febre. No espaço subaracnóideo também podem se desenvolver cistos gigantes, arredondados, ovalados ou em cachos que, devido a seu tamanho, também podem causar compressão da massa encefálica e de ventrículos. Se a localização for em cisternas, o parasita pode apresentar-se na forma de cisticerco racemoso que, como se fosse um tumor, comprime estruturas próximas ou que atravessam a área (como nervos, por exemplo), podendo causar alterações visuais e auditivas, e de movimentos dos olhos, da face e de membros. Também na região cisternal, o cisticerco racemoso pode produzir a chamada meningite cisternal crônica, uma das mais graves complicações da neurocisticercose encefálica. As meninges que delimitam a cisterna afetada tornam-se fibrosadas (engrossadas), causando aderências, comprimindo estruturas e obstruindo a circulação do liquor. Isso provoca hidrocefalia, ou seja, acúmulo de liquor nas cavidades ventriculares, que vão ficando cada vez mais dilatadas. Em conseqüência, aumenta a pressão intracraniana e sobrevêm dores de cabeça crescentes, vômitos, alterações visuais e, em graus mais avançados, diminuição da consciência. Se a parasitose é no sistema ventricular, a principal complicação é a hidrocefalia. Esta pode se manifestar em episódios intermitentes, quando o cisto viável sofre deslocamentos no interior da cavidade ventricular, alternadamente obstruindo e liberando a passagem do liquor – é a chamada síndrome de Bruns. A hipertensão intracraniana gerada pela hidrocefalia produz dores de cabeça contínuas de intensidade crescente, vômitos, alterações visuais e, em graus mais acentuados, diminuição e até perda da consciência. As manifestações clínicas da neurocisticercose variam segundo a intensidade da infestação (um, alguns ou dezenas de cistos) e da inflamação produzida pelos cistos em degeneração. Quanto maior a reação do organismo contra os parasitas, tanto maior será a reação inflamatória, com repercussões também mais intensas para o próprio encéfalo. O cisto viável, em geral, vive em harmonia com o encéfalo e não traz perturbações. Os sintomas surgem somente quando ele entra em degeneração. Em alguns casos, a doença evolui de modo discreto, com crises epilépticas esporádicas ou leve dor de cabeça; em outros, pode haver uma epilepsia de difícil controle; em outros ainda, pode se desenvolver aumento de pressão dentro da cabeça (hipertensão intracraniana), com o risco de evolução para coma (diminuição do estado de consciência, que pode ir desde leve rebaixamento até perda total da consciência e da capacidade de respirar espontaneamente. Quando não há qualquer reação da pessoa aos estímulos, diz-se que o coma é arreativo) e até mesmo morte.
2- Neurocisticercose Espinhal O doente tem paralisias e alterações da sensibilidade nos braços e nas pernas, em combinações variáveis na forma e na intensidade, bem como dores que se irradiam para braços, pernas, tórax e abdome. Se houver associação das neurocisticercoses espinhal e encefálica, os sintomas de ambas podem aparecer simultaneamente num mesmo paciente.
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